NUNCA TE IRÃO PERDOAR
Informações do evento
Acerca deste evento
Partindo de uma memória do grupo de teatro GTIST - que teve a ousadia de fazer a Antígona de Brecht em plena ditadura - regressamos a este texto num momento em as ruas voltam a conhecer não o vazio de uma peste, mas a desumanidade dos sistemas de opressão.
Os mortos caiem na sua tentativa de conservar a liberdade de um lugar, de um tempo, acima de tudo do corpo. O corpo como única pátria possível fora de sistemas inventados para perpetuar falsas ideias de poder.
Nenhum ditador ama a pátria, muito menos as pessoas que julga representar. Todos os ditadores acabam sempre por perder. Não nos podemos esquecer disto. A história do mundo não pertence aos ditadores, mas aos resistentes, aos visionários, às mulheres que caminham confiantes de que amanhã será sempre melhor, pertence às pessoas que reinventaram o seu discurso, que anularam fronteiras, que ampliaram formas de amar e de serem amadas, cumplicidades sexuais, discursos eróticos, ações de desobediência. Desobedecer como um gesto de intimidade revolucionária, movimento poético. Os mortos continuam a precisar dos seus funerais, das lágrimas, dos rituais.
Nunca te irão perdoar é um espetáculo de teatro coreográfico, que cria paisagens que surgem em simultâneo, que se aproxima da escultura, do cinema, da arquitetura. Nunca te irão perdoar é, acima de tudo, um elogio ao teatro universitário que durante décadas serviu como resistência à ditadura e que hoje, sobretudo hoje, não deve esquecer nunca o seu fundamental discurso de experimentação, de independência e democratização da arte.
Este espetáculo é dedicado aos corpos de amanhã.
- Ficha técnica -
Encenação e Dramaturgia: Tiago Vieira
Coordenação e Produção executiva: GTIST - Grupo de Teatro do IST
Espaço cénico: Piscina do IST - Campus Alameda
Figurinos: Tiago Vieira
Espaço sonoro e paisagem cinematográfica: Tiago Vieira
Desenho Coreográfico: Tiago Vieira
Produção gráfica: GTIST
Interpretação: GTIST (Diogo Gomes, Duarte Ruas, Emanuel Frazão, Fábio Santos, Filipe Isidoro, Francisco Peres, José Miguel Santos, José Pedro Fernandes, Maria Patrícia Couto, Ricardo Gerardo e Sara Mesquita)
Texto da peça: adaptação livre de Tiago Vieira a partir de textos de Raúl Brandão, Brecht, Nietzsche e Rimbaud.
Duração do espetáculo: 80 minutos.