Café com a Margarete: Participação Cidadã de Crianças e espaços urbanos
Informações do evento
Descrição
A empreendedora Margarete Filipa Reis está a lançar um novo projeto em Portugal e procura reunir com pessoas que tenham interesse pela área dos Direitos de Participação Cidadã de Crianças e planeamento de espaços públicos urbanos.
Este projeto pode ser implementado com entidades públicas ou privadas. Exemplo: Municípios que tenham algum parque / rua / bairro que precise de requalificação, recreios escolares, etc.
Se faz parte de alguma entidade pública ou privada que possa ter interesse em implementar o projeto ou tem algum contacto directo que possa indicar venha tomar um café com a Margarete e conhecer melhor o projeto.
Para tomar um café com a Margarete deverá fazer a sua marcação por email para margaretefilipa@live.com.pt
Atendimentos de terça a sexta entre as 14:49h e as 15:49h
No email deverá constar os seguintes dados:
- Nome
- Localidade
- Nome da entidade que representa (pública ou privada)
- Área de atividade
- Função que representa
- Contactos directos (telm. e email)
- Motivação para entrar em contacto e querer reunir com a Margarete
O local das reuniões acontece no ArtSeven - Avenida da Boavista nº919, Porto.
Só por marcação. Valor do café não incluído na reunião.
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Sobre o projeto:
Margarete Filipa Reis – Projeto
1. Participação Cidadã de Crianças e Planeamento de Espaços Públicos Urbanos. Neste projeto, as crianças são autoras da sua cidade e participam em atividades relacionadas com o planeamento e requalificação dos espaços públicos urbanos. A investigadora aplica técnicas de investigação-ação participativa e incorpora várias atividades com as crianças:
- Walking tours pelo espaço público que precisa de ser requalificado (escuta ativa, reportagem fotográfica)
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- Grupos de discussão focalizada (formação de pequenos grupos de crianças investigadoras, onde são debatidos temas sobre Direitos de Participação, espaço público, importância de envolver as crianças)
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- Atividades de reforço da identidade do grupo (atividades entre as sessões, que reforçam o sentido de comunidade e o trabalho em equipa)
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- Elaboração da proposta a apresentar ao município (enquanto cidadãs de pleno direito, as crianças elaboram a proposta)
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- Requalificação do espaço (feito em segurança pelas próprias crianças em conjunto com os profissionais envolvidos na requalificação: pintar uma passadeira ou uma rua, por exemplo)
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- Divulgação do resultado final (atrair mais pessoas residentes para o espaço público, convidar pessoas de outras freguesias, municípios e países a visitar o local, que entretanto se tornou mais apelativo, seguro e de referência de qualidade de vida urbana)
No decorrer do projeto, há ainda uma formação certificada para pais, professores e educadores, em que são abordadas temáticas relacionadas com os direitos de participação das crianças, benefícios em envolver as crianças, explicação do porquê de envolver as crianças na agenda das cidades, projetos internacionais relacionados com o tema, atividades práticas para aplicar com crianças. Seria interessante convidar todos os profissionais envolvidos na requalificação urbana a receberem também esta formação, uma vez que vão trabalhar junto das crianças.
O diferenciador deste projeto tem a ver com o facto de ser feito de raiz por uma pessoa de Ciências da Educação e com formação em cidadania para crianças e planeamentos urbanos. Nas autarquias, as pessoas são muitas vezes convidadas para sessões onde podem dar a sua opinião, mas fica-se por ali... Este projeto não é sobre convidar as pessoas a participar; é sobre saber colocar as pessoas a participar! São coisas muito diferentes! A investigação é algo muito complexo, que envolve uma enorme sensibilidade de colocar as crianças a olharem para o investigador como uma delas. As crianças tendem a responder sempre ao adulto, mesmo que não tenham uma opinião definida. Neste projeto, não existem certos nem errados, e as crianças sentem-se à vontade para exprimir a sua opinião, enquanto compreendem que a sua voz é valorizada e tida em conta. Tornam-se, assim, conscientes dos seus direitos, enquanto cidadãs, e sentem a cidade como um espaço que é seu. O grau de complexidade deste projeto permite que tanto crianças como adultos se sintam mais confiantes para explorar o espaço público.
2. Porquê as crianças?
Desde 2014 que mais de 50% da população mundial reside em espaços urbanos. Estima-se que esse valor aumente para 66% em 2050, o que corresponde a 2,7 biliões de crianças*.
Quando um trabalho é desenvolvido pelas crianças, muitas situações de vandalismo são normalmente prevenidas por gerações – os adultos vão querer respeitar o trabalho que foi feito pelos seus filhos ou netos.
As crianças conseguem ter uma visão mais criativa e abrangente das coisas, o que faz com que desenvolvam ideias e projetos mais seguros para todas as faixas etárias e também para os animais.
Contributos mundiais** e documentos oficiais como a Convenção sobre os Direitos da Criança*** garantem às crianças condições para o exercício do direito à participação.
* United Nations (2014). World urbanization prospects: the 2014 revision.** Referências bibliográficas no final do documento.
*** Artigo 12: “A criança tem o direito de exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe digam respeito e de ver essa opinião tomada em consideração”.
3. Qual o impacto real do projeto junto da população?
Espera-se com este projeto gerar ondas de solidariedade entre crianças e adultos e revitalizar o espaço público. Este projeto vai trazer as crianças “cá para fora”, e ao longo do projeto, em algumas atividades, os moradores adultos também participam e fazem parcerias.
É importante criar o sentimento de pertença e da cidade como sua.
Após a conclusão do projeto, várias crianças e adultos poderão usar o espaço público em segurança e convidar pessoas de regiões vizinhas para virem passar o dia àquele local. Espaços que antes eram considerados problemáticos ou inseguros agora ganham uma nova vida e atraem novas pessoas para residir ou apenas passear.
A investigadora recomenda a organização de atividades pontuais nos espaços públicos após a requalificação dos mesmos, de forma a manter a energia do projeto. Este trabalho também pode ser desenvolvido entre a investigadora e o município.
O projeto, onde for aplicado, pode transformar-se numa referência nacional e mundial a visitar/morar, gerando valor para a economia local.
Um local pensado pelas crianças e para todos!
Maior igualdade de oportunidades entre crianças e adultos!
A cidade precisa das crianças! Devolver às crianças o espaço público!
4. Porquê a Margarete?
A investigadora veio de uma família humilde, em Vila Nova de Gaia, e começou a sua atividade profissional aos 16 anos como auxiliar educativa. Na altura, estava a tirar um curso Técnico Profissional de Técnica de Apoio à Infância.
Na sua prova de aptidão profissional, aos 18 anos, elaborou um estudo de análise e interpretação de desenhos infantis, onde desenvolveu uma maior sensibilidade no trabalho com crianças e em detetar situações de negligência através do desenho. Na escola secundária pública que frequentou, foi fortemente motivada a prosseguir os estudos para a faculdade. 2010 foi o ano em que concluiu o 12o ano e foi para a faculdade. Frequentou a Universidade Jean Piaget, na licenciatura de Educação Socioprofissional, e durante esse período estagiou numa junta de freguesia na parte do gabinete de inserção profissional, tendo sido nesse período que desenvolveu o seu primeiro projeto e ganhou a sua primeira carta de recomendação. Era o pico da crise em Portugal, e as taxas de desemprego eram elevadas. Criou um pequeno projeto participativo, em que pessoas que tinham ficado desempregadas ensinavam coisas umas às outras; neste projeto, a investigadora realizou várias dinâmicas de emoções com o grupo, e houve momentos de grande emoção devido às devastadoras consequências do desemprego. Ao longo do projeto, as pessoas foram ganhando mais ânimo e motivação e, no final, acabaram por conseguir colocação profissional.
Em 2013, “voltou à infância”... Prosseguiu os estudos para o mestrado na Universidade de Aveiro em Ciências da Educação e foi aí que, durante 3 anos,
desenvolveu um projeto de participação cidadã que envolveu mais de 70 crianças e jovens no Bairro de Santiago, em Aveiro. Esta experiência deu-lhe competências e bagagem para um entendimento mais complexo sobre a infância e passou a olhar as crianças como cidadãs de pleno direito capazes de participar e de realizar projetos concretos. Nessa altura, teve como orientadora a professora doutora Rosa Lúcia Madeira, autora de vários livros e artigos sobre a infância em dezenas de países. O projeto desenvolvido por Margarete foiaprovado e publicado pela Universidade de Aveiro com o nome “Por um bairro mais amigo das crianças: Novos Protagonistas”.
Depois do mestrado, não teve uma oportunidade profissional na área e batalhou muito para conseguir uma colocação profissional. Foi nessa altura que desenvolveu enormes competências de networking, que lhe deram alguma visibilidade e pegada digital. Trabalhou noutras áreas e começou a ser convidada para escrever pequenas publicações e dar algumas entrevistas em revistas, rádios locais, televisão e plataformas online. No dia em que fez 26 anos (19 de abril de 2018), decidiu deixar o emprego e voltar a sonhar! Foi nessa altura que, com alguma sabedoria e maturidade, começou a escrever e a criar este projeto, procurando agora uma oportunidade de colocar em prática aquilo em que acredita! E queria mesmo muito que essa oportunidade fosse em Portugal, pois vê no nosso país um enorme potencial.
Margarete pode ainda facultar contactos de várias pessoas com quem trabalhou e mantém contacto. Pessoas que a recomendam e referenciam. Margarete é uma pessoa de fé, que luta, acredita e sonha, e que, neste momento, procura uma oportunidade para exercer aquilo que sabe fazer. Não desistiu do sonho de trabalhar na sua área e, ao longo destes meses, já conquistou algumas coisas na constituição do seu projeto: está a elaborar um site, que ficará pronto em outubro; já tem sede para o projeto – uma bela casa de arte e cultura da estilista Bela7; já apresentou o projeto em televisão e tem tudo pronto para entrar no terrado e colocar em prática!
5. Algumas considerações
O projeto não pretende atrapalhar o bom funcionamento das aulas e de outras atividades das crianças. As crianças que participem nos grupos de discussão focalizada terão a carga máxima de 2 horas por semana no projeto (um dia por semana em horário a combinar);
É possível haver mais do que um projeto a decorrer ao mesmo tempo, desde que devidamente coordenado. Por exemplo: às segundas-feiras trabalhamos no bairro X; às terças, no parque Y.
Todo o projeto cumprirá princípios éticos inerentes à investigação.
Toda a divulgação do projeto deve mencionar o nome da autora, Margarete Filipa Reis, em cooperação com a entidade.
É um projeto em constante aperfeiçoamento e que se pode adaptar a vários contextos. Por exemplo: em vez de requalificar um parque, podemos analisar os percursos que as crianças percorrem a pé para a escola e melhorar os vários trajetos, aplicando jogos e atividades simples como “macacas”; adaptar o projeto a crianças com mobilidade reduzida, etc.
6. Algumas das referências bibliográficas consultadas pela investigadora
Alderson,P. (2005).“Crianca̧s comoinvestigadoras –Osefeitosdosdireitosde participaca̧ ̃o na metodologia de investigaca̧ ̃o”. In Christensen, Pia & James, Allison.Investigaca̧ ̃o com crianca̧ s: perspetivas e práticas.
Alston, P. & Tobin, J. (2005). Laying the Foundations for Children's Rights. UNICEF.
Colin, B. (2009). El “Derecho a la Ciudad”: modos de fomentar ciudades inclusivas en elâmbitointernacional.InMonográficoCiudad,UrbaniśmoyEducación(2009): Asociación Internacional de Ciudades Educadoras.
Fernandes, N. & Tomás, C. (2011). Questões conceptuais, metodológicas e et́ icas na investigaca̧ ̃o com crianca̧ s em Portugal. RN04 Sociology of Children and Childhood.
Gaitań , L. & Liebel, M. (2011). Ciudadaniá y derechos de participación de los niños.Editorial Sintesis.
Madeira,R.L.A.L.C.(2013).“Ascrianca̧scomoparticipantesnareconstrucã̧ode contextos e processos de intervenca̧ ̃o na famiĺia e na comunidade”. In Sarmento, T. (Org.). Infância, Famiĺia e Comunidade – As crianca̧ s como atores sociais. Porto: Porto Editora.
Mayall,B.(2005).Conversascomcrianca̧s–trabalhandocomproblemasgeracionais. In Christensen, Pia & James, Allison. Investigaca̧ ̃o com crianca̧ s perspetivas e práticas.
Reis, M. F. (2015). Por um bairro mais amigo das crianças: Novos Protagonistas.(projeto de mestrado), Universidade de Aveiro. Aveiro.
Tonucci, F. (2009). El niño en la ciudad. Buenos Aires: Editorial Losada S. A. Tonucci, F. (2009). La soledad del niño. Buenos Aires: Editorial Losada S. A.